terça-feira, 7 de julho de 2015

DOS BONS VÍCIOS

De muitos vícios que tenho de um, sinto orgulho:

Eu leio os textos das legislações que sustentam a minha prática profissional. Não só da legislação da educação nacional mas os da saúde, bem estar social, transporte, trabalho, responsabilidade fiscal etc. É necessário ter visão de conjunto para ler as entrelinhas que diversos textos legais possuem. Não é fácil mas é divertido.

Faço isso pois aprendi que a legislação aponta as intenções futuras dos governos, criam terrenos, estabelecem previamente as possibilidades de negócio e negociação. Denunciam os reais interesses ali assegurados.

Também aprendi que para administrar a educação há que se ter intimidade com estes textos legais pois é neles que encontramos os argumentos para os objetivos e planos de gestão. Partindo deles conseguimos alinhar o cotidiano com as propostas mais amplas estabelecidas pelos três níveis de Estado.

E aqui reside a grande cilada: não podemos esquecer de que os textos legais são fruto de disputas de interesses portanto não são isentos de contradições. Mais do que isso, lembremos sempre que a legislação não é a "verdade pura" sobre um tema, não é um texto angelical.

Esconde armadilhas e demonstra caminhos. Há que se saber ler os textos legais.


sexta-feira, 3 de julho de 2015

ESCOLA ENSINA FAMÍLIA EDUCA .. BLÁ BLÁ BLÁ

Nada me deixa mais cansada do que ser marcada em algum destes posts que afirmam que ESCOLA ENSINA E FAMÍLIA EDUCA.

Eu não curto, não compartilho e deixei de comentar... mas hoje quero falar um pouco disto e já afirmo que para mim, esta afirmação é de leigos que não entendem nada de nada sobre educação.

Para embasar o que afirmo vou citar Pedro Demo que nos diz que educação É O HORIZONTE DA QUALIDADE POLÍTICA, O HUMANISMO, A FORMAÇÃO DA CIDADANIA E DA CULTURA COMUM. Não negamos então que a escola de fato é responsável pela educação de seus alunos, certo?

Ensino, por sua vez, é O ASPECTO FORMAL, INSTRUMENTAL, METODOLÓGICO, É A COMPETÊNCIA PARA MELHOR REALIZAR OS FINS DA EDUCAÇÃO. De novo, não negamos que a escola deve ser local onde este ensino acontece de modo competente.

O que quero dizer, amigos, é que em ENTENDER a definição de educação e ensino acima proposta é condição mínima para o exercício profissional de professores e pedagogos!

Vamos lá colegas de profissão! Confundir educação e ensino, papel da família e papel da escola é pra leigos!

segunda-feira, 22 de junho de 2015

TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO ESCOLAR..

Permitam-me uma pequena história de contextualização: meu enteado durante 15 minutos me explica e demonstra o novo jogo que esta em seu celular (ele sabe que eu sou viciada em joguinhos eletrônicos, então compartilha com prazer).

O jogo é complexo pois ele tem que caçar e atacar zombies "a noite" e se defender deles levando em conta as suas características. Durante "o dia" deve construir abrigos adequados e esconder provisões,  conseguir diamantes pra conseguir comprar o que precisa. Enfim, tudo isto jogado em uma tela mínima de celular o que o obriga a memorizar a localização de todo o espaço por ele construído.

Ele domina o jogo e suas regras, além disso teve que desenvolver estratégias de jogo e pela pontuação que me apresentou tem tido muito sucesso em gerir o seu pequeno mundo.

MAS ELE TIROU ZERO "EM XADREZ", NA ESCOLA.

E eu pensando que em 1992 já havia se esgotada a discussão sobre a presença da tecnologia nos espaços escolares e de que maneira ela deveria ali estar.

Meu enteado não se interessa pelo xadrez e a escola não se interessa pelo jogo de zombies. E antecipo: a escola não deve ensinar o jogo de zombies, isto ele já aprendeu sozinho!

Agora me pergunto: a escola tem ajudado a ele e os demais alunos a discutirem o que fazem nestes jogos, tem feito que reflitam sobre as estratégias, tem incentivado a descrição e o estudo das melhores maneiras de se ganhar este ou aquele jogo.

A escola os tem feito pensar sobre o que JÁ sabem? Tem dado oportunidades para que ele consiga fazer generalizações a partir das estruturas cognitivas que já dominou SOZINHO a partir do jogo?

Ou mais simples ainda, a escola consegue verificar que os alunos tem raciocínio lógico matemático, tem evitado ensaio e erro, são capazes de formular hipóteses e testá-las, conseguem revisar suas estratégias para soluções de problemas procurando modelos de raciocínio mais rápidos e eficientes? E a partir disto tudo a escola consegue dar um passo a frente de seus alunos?

.... a escola tem oferecido aos alunos algo a mais do que eles são capazes de conseguir sozinhos com um celular?






sexta-feira, 12 de junho de 2015

Um pensamento vem rondando minha cabeça e me tem surgido nas diferentes leituras que faço:

Existe um marco conceitual extenso que sustenta a discussão sobre a inclusão das crianças com alguma deficiência na escola dita regular, principalmente as construções teóricas que analisam a diversidade humana.
Pois bem, em estando de acordo com estes conceitos afirma-se que a diversidade é fator humano e o desafio das sociedades hodiernas é acolhe-las no Estado de direito em que vivemos.

Reconhecer a diversidade do modo como ela se constituiu e garantir-lhe acesso aos direitos consolidados em tal e qual sociedade. Quanto a isto não há, da minha parte, nenhum questionamento.

Agora, dizendo da questão que me ronda, admitir que este marco conceitual amplo e complexo foi traduzido em uma norma operacional no texto da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva é forçar por um funil minúsculo todo este constructo ideológico.

Eu defendo a inclusão mas não defendo o texto legal da Política Nacional. Não acredito que o texto jurídico conseguiu alcançar o patamar de "norma operacional" dos conceitos que valorizam a diversidade humana e a coexistência de todos.

Aliás, o texto da Política Nacional, a exemplo do texto do PNE, é uma colcha sem sentido de retalhos mal costurados. Difícil encontrar ali a ideologia que me move...

Deixei de postar, na verdade deixei de escrever por uns tempos.. Escrever é um exercício penoso para mim pois tinha a ideia de que bons autores escrevem em uma tacada só.

Talvez agora, mais liberta desta premissa maluca consiga dar (melhor) vazão as questões que me afligem, interessam, mobilizam etc na e da Pedagogia.

Eu fico feliz com o meu retorno....