quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

DISCIPLINA DISCIPLINA DISCIPLINA

Para minha prima Ana Luiza, que me ajuda com suas perguntas:

1. a ansiedade em acertar sempre cria tensão na relação pais e filhos/ professor e aluno;
2. a atenção exagerada a tudo o que se fala e faz gera artificialismo e distancia - filhos/alunos não são experimentos;
3. a tranquilidade da relação gera confiança e afetividade, fatores importantes para qualquer relação de ensino aprendizagem já que melhoram a comunicação;

DICAS DIRETAS:

1. ninguém da aula sobre regra, existem momentos propícios para apresentar a regra que controla/orienta a conduta das pessoas.
2. momentos mais tranquilos são os melhores, quando se conversa sobre o modo de ser e estar no mundo;
3. exemplos e mais exemplos concretos na conduta de todos os adultos em volta da criança;
4. quando regras são quebradas o "castigo" tem que estar vinculado (na medida do possível) com a falta cometida;
5. prestar mais atenção a intencionalidade do erro do que a extensão do dano (quebrou um copo por birra ou a mesa de vidro sem querer?)
6. falar sobre os valores que orientam (deveriam) a vida dos seres humanos - sem cair em pregação religiosa de nenhum tipo! - respeito ao próximo, respeito a vida em todas as suas formas, educação, atenção etc

Cada dica daria um livro inteiro.. conversemos sobre cada um se for necessário!

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

DE COMO SE DESENVOLVE A DISCIPLINA...


Como diz um amigo: “esse tal de Piaget” escreveu sobre o desenvolvimento do juízo moral na criança. Educadores nem se atrevam a dizer que nunca leram! Obra mais do que básica.

Pais em geral não lerão com muita facilidade pois se trata de livro de psicologia, repleto de conceitos que não devem ser entendidos pelo significado direto da palavra (assimilação e acomodação, p.ex). Pais interessados sobre o tema encontrarão outros livros, uns péssimos e outros muito bons.

Enfim, simplificando ao máximo quero trazer a afirmação inicial do livro de Piaget que me é  deflagradora de muitas reflexões.

“Ora, as regras morais, que a maioria das crianças aprende a respeitar, lhe são transmitidas pela maioria dos adultos, isto é, ela as recebe já elaboradas, e, quase, sempre, nunca elaboradas na medida de suas necessidades e de seu interesse, mas de uma vez só e pela sucessão ininterrupta das gerações adultas anteriores. Daí, a extrema dificuldade de uma análise que deveria distinguir o que provém do conteúdo das regras e o que provém do respeito da criança pelos seus próprios pais.” (O juízo moral na criança, Jean Piaget. Summus, 1994)

Não vamos perder muito tempo com esta reflexão. Educadores devem entender esta afirmativa e analisarem seus procederes junto as crianças – já que podemos e devemos nos incluir na categoria adultos que transmitem regras, certo? Pais e familiares devem se ater ao fato de que conhecer a regra e praticar a regra são duas ações diferentes para a criança.

Ações difíceis de serem harmonizadas quando:
a regra é dita, mas não é praticada pelo próprio adulto;
a aplicação da regra depende da energia do adulto (hoje eu não to afim, faz o que quiser);
a regra é negociada a cada momento – a isto se chama chantagem;

Piaget explica no livro como a criança começa a obedecer a regra, mas não adianta nada ler o livro se não nos colocarmos de pronto e imediato como os adultos que as apresentam para as crianças, se não assumirmos que sim, as regras serão aprendidas pelas crianças mediante o que ensinarmos.

Caso não nos coloquemos neste lugar, nesta responsabilidade, não conseguiremos entender o capítulo que descreve os modos de se estabelecer “punições” para as infrações. 
(continua...)

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

O QUE INCENTIVAMOS SE SOLIDIFICA

Cada vez que um comportamento estúpido desencadeia tragédias ou desastres coletivamente nos perguntamos sobre sua origem - ou ao menos dos indignamos e acusamos os que não contiveram a estupidez alheia. O estúpido geralmente sai como a segunda vítima afinal "ninguém nunca o ajudou a ser menos estúpido".

Difícil mesmo conter estupidez do outro. Quando este outro é adulto é quase impossível.

Fica na conta do possível as atitudes que temos frente a comportamentos abusivos de crianças. Sim, amigos, crianças são malvadinhas quando querem.

Chamam os colegas de fedido, feio, gordo, preto, filho da puta e o que mais lhe estiver próximo como modelo.

Ah! é gostoso aplaudir comportamentos bizarros de criancinhas monstro, que são incentivadas a serem violentas, sexistas, preconceituosas, racistas e intolerantes não é?

Feio atrelar estes adjetivos a crianças? Feio é organizar a apresentação pública destes comportamentos: "vem aqui mostrar o que você faz com os bichinhas! mostra pra amiga da vó como é que o seu amigo gordo anda! pede pra ele fazer a cara de bandido, é de morrer de rir! vem aqui e imita aquela sua amiguinha louquinha"!

Vamos alimentando estes comportamentos até os 6 anos de idade, depois começa a perder a graça e o resto do mundo ganha um monstrinho.

E esse monstrinho se junta a outros, e formam grupos horrorosos. Mas sempre legitimados por alguém!
Até mesmo a mídia legitima loucuras enquanto elas tem um toque de "paixão desmedida".

Paixão desmedida só pode acabar em tragédia. Mas frente a tragédia ninguém assume a responsabilidade. Quem aponta o dedo pra acusar deveria antes olhar em volta e perceber que atitudes tem semeado pras crianças próximas. Isto para os pais, os educadores, a mídia e nós, que somos platéia de criança monstro.


terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

DOS LIMITES HUMANOS

Descrever as sua própria experiência profissional sempre me dá arrepios. Por que os fatos narrados sempre remetem a uma imagem de "facilidade em lidar com tensão e problemas".



Por um lado, sim, uma vez superados é simples falar dos problemas. Por outro lado, vivencia-los nunca é tão suave como a narrativa posterior sugere.

O dia a dia da escola oferece ao gestor situações tensas, constrangedoras, complexas e nada nos prepara de antemão para elas.

Conversar com pais sobre violência contra a criança, chamar professoras para falar sobre baixo desempenho, avisar funcionários sobre seu remanejamento pra outros espaços, mediar brigas e discussões de pais e professores, enfrentar grupos hostis, fofocas profissionais... enfim uma infinidade de situações que não está descrita nos cadernos de textos das formações nem nos conteúdos da faculdade. 

E são estas situações que tiram o sorriso do rosto e nos deixam perplexas com a chatice dessa profissão ou função que assumimos. 

Eu tive sorte, muitas diretoras que acompanhei nos estágios me orientaram quanto a estas situações. Na falta de um estágio serve conversar com quem tem experiencia no assunto ou esta ocupando o mesmo cargo.

Só não vale se perder nesses assuntos desagradáveis e perder de vista a natureza da sua função e a centralidade da posição que um gestor ocupa na escola.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

SEGREDO PEDAGÓGICO 4 - MEDIAÇÃO DO OUTRO

Vejam o cenário: um grupo de 25 adolescentes na sua maioria meninos de 17/18 anos de idade.
Estes, em liberdade assistida, olham silenciosos para um único adolescente, cabelos longos, unhas esmaltadas e maquiagem suave.
Dias se sucedem com provocações maldosas e veladas. Eu, matutando como intervir fui surpreendida pela voz de Rai (o menino dos cabelos longos): "Luciana, quero trazer uma notícia de jornal pra comentar amanhã".
Nesta atividade diária o adolescente "da vez" fazia a leitura de uma matéria de jornal e em seguida apresentava ao grupo alguns questionamentos para guiar a discussão.
Rai lê em voz alta o espancamento de um homossexual em plena praça pública e diz que tem apenas uma questão: EU ACEITO, MAS PERTO DE MIM NÃO QUERO.
Antes que qualquer um se manifestasse, ele faz uma palestra sobre diversidade e identidade. Apresenta o grupo GLBT em que tem participação ativa.
O importante não foi como a discussão seguiu mas uma partida de futebol dominical dos meninos.
Ao chegar a quadra vejo todos envolvidos com o jogo.
Percebo ao longe Rai chegando com várias sacolas. Pães, refrigerantes, frios e chocolates.
Rai é considerado o participante mais importante do jogo de domingo, ele organiza todo o lanche. Voluntariamente.
Pergunto a ele se esta feliz com esta posição no grupo.
Ele me responde indignado: Lu! Estes meninos não são nada sem mim!
Ao que o grupo confirma, com gritos e sorrisos.

Acreditar que o outro é mediador, por vezes melhor do que você mesmo, desafio dos grandes.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

SEGREDOS PEDAGÓGICOS 3...

TEXTO "FATIADO" AJUDA NA ALFABETIZAÇÃO... ATÉ A PÁGINA 2.

SE FOR A MÚSICA DA DONA ARANHA
OU
DO SAPO QUE NÃO LAVA O PÉ,

NÃO FUNCIONA NUNCA.

SEGREDOS PEDAGÓGICOS 2

NINGUÉM ENSINA
AQUILO QUE NÃO SABE...

SEGREDOS PEDAGÓGICOS...

Primeiro segredo pedagógico: controlando o uso do vídeo game


Depois de séculos de desenvolvimento humano, hoje é possível controlar o tempo que seu filho fica no vídeo game bem como os jogos que ele joga!!!!!

Embora seja um método caro, de difícil aplicação, de uso recomendado apenas para experts ele oferece 100% de eficácia!

O método consiste em: RETIRAR A TELEVISÃO DO QUARTO DO SEU FILHO E INSTALAR O VÍDEO GAME NA SALA.

Parece difícil mas estudos mostram que, em tendo que COMPARTILHAR O ESPAÇO DA SALA com os demais membros da família o uso do vídeo game fica condicionado aos interesses de todos.

Mas este método tem um efeito colateral ainda não muito estudado. Parece que crianças que não tem televisão no próprio quarto desenvolvem atitudes de aproximação com os demais familiares o que pode provocar tensão nos que não sabem bem como agir como pais.

Recomenda-se a presença de bom senso para aplicar o método. Caso os pais não saibam exercer a sua função é melhor deixar a criança isolada no quarto, jogando o que quiser e aprendendo a viver pelo chat, skype, msn....

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

FORMAÇÃO PEDAGÓGICA

Senão vejamos,

Se podemos (devemos?) ser formados para o trabalho de forma, digamos:

1. genérica: pontualidade, prazos, assiduidade, iniciativa, organização - valores e atitudes necessários para qualquer atividade profissional;
2. específica para a empresa: valores da empresa, missão, organogramas, fluxos de comunicação, hierarquia decisória, setores e departamentos etc;
3. específica para a função que exercerei na empresa: o que farei como assistente, qual meu local de trabalho, a quem respondo, quais são as tarefas que me competem etc

Quando matuto sobre esta questão no latifúndio que me cabe, fico temerosa. Considerem o cenário que considero equivalente a citada acima:

1. A formação básica/genérica para o exercício do magistério (aquilo que qualquer educador) deveria saber a priori;
2. A apresentação dos planos político pedagógicos das redes/unidades escolares;
3. Formação contínua para cada cargo/função que exercerei na rede/unidade escolar;

Tenho percebido fragilidades nestes aspectos. Fragilidades sérias beirando já a gravidade. O Estado desaparecido desta função, assobiando no canto fingindo não ter responsabilidade sobre.

Como superamos?

domingo, 10 de fevereiro de 2013

ADAPTAÇÃO CURRICULAR.. PARTE FINAL

Deixa eu esclarecer:

1. ADAPTAÇÃO CURRICULAR FAZ PARTE DA CONCEPÇÃO TEÓRICA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL.

2. A EDUCAÇÃO INCLUSIVA NÃO CONSIDERA A ADAPTAÇÃO CURRICULAR.

3. EU NÃO DISCUTO EDUCAÇÃO ESPECIAL.

BOM CARNAVAL!

sábado, 9 de fevereiro de 2013

ADAPTAÇÃO CURRICULAR

"EU ADAPTO ASSIM, EU CORTO AS GORDURAS DAQUELA MATÉRIA PARA OS ALUNOS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL"

...

1. Gorduras da matéria? Você estava ensinando coisas desnecessárias para todos os alunos? O que exatamente estava sobrando? Que raio de planejamento é esse?
2. Você corta apenas para os alunos com deficiência intelectual, sei. Quais são os critérios para isso? Como você pode saber que o aluno com DI já está em seu limite? Esta avaliação é conjunta com o aluno?
3. Que tipo de planejamento você faz? Você pré estabelece "etapas de aquisição", você escalona o conhecimento?!!!!!! Você ainda não sabe a diferença entre pré requisito e conhecimento prévio????????

O MEC faria um grande favor ao mundo se retirasse de seu site o material de orientação para a adaptação curricular.

Não tem como discutir este assunto por que ele não tem ligação com a situação da deficiência. Seria como discutir cultivo de morangos para resolver problemas no freio do carro.

Os alunos com deficiência trazem para a sala de aula desafios para o planejamento e seleção das estratégias de ensino. Pensar que quem controla o nível de aquisição de conhecimento é o professor é ingenuidade que já deveria estar superada.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

DATAS COMEMORATIVAS SÃO CHATAS

Uma vez li um improvável livro sobre educação infantil que sugeria que o calendário escolar fosse organizado a partir das datas comemorativas.

Será que precisa muita discussão sobre o quanto isto é um absurdinho?

FALE CONOSCO...

A MODERNIDADE E A TECNOLOGIA PERMITIRAM COLOCAR EM ALGUM LUGAR DA PÁGINA DO BLOG UM ESPAÇO PARA VOCÊ ENTRAR EM CONTATO POR EMAIL....

É MAIS FÁCIL DEIXAREM AS PERGUNTAS POR LÁ.. ASSIM TENHO TEMPO DE MATUTAR O DIÁLOGO

SIM, DIÁLOGO, POR QUE RESPOSTAS NÃO HÁ...

REFORÇANDO: LUCURY1@GMAIL.COM

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

E POR FALAR EM AEE ... parte II

Recapitulando:

O AEE é EXCLUSIVO para pessoas com deficiência mas não é OBRIGATÓRIO, deve ser NECESSÁRIO.

E antes de falar dos atendimentos previstos em lei, quero divagar sobre um ponto crucial para quem esta a frente de salas de AEE e para quem esta envolvido com a implementação deste serviço.

Durante um certo período os alunos com deficiência visual e deficiência auditiva devem frequentar o AEE sem que seja necessária muita investigação - este período se refere ao início de seu processo de escolarização onde estas crianças precisam adquirir a LIBRAS e o uso do BRAILLE (ou de alguma outra ferramenta de tecnologia assistiva).

As outras deficiências precisarão SEMPRE de critérios sistemáticos de avaliação que indiquem a necessidade da matrícula no AEE.

Entretanto, em qualquer uma das situações é primordial que se inicie o trabalho fortalecendo as ferramentas individuais de comunicação.

Sem isto, este aluno nunca dirá de si mesmo e seguirá refém da caracterização feita pelos outros (mesmo que acurada).

Mas, pelo amor de qualquer coisa, não vamos trabalhar mais com este esquema de EMISSOR - RECEPTOR- MEIO E MENSAGEM.

Isto serve pra comercial de pasta de dente e seguro de carro! A comunicação que é útil e necessária é a que aproxima dois seres humanos, indivíduos com desejos, sonhos, necessidades e vontades.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

E POR FALAR EM AEE... parte I

Ah! este misterioso Atendimento Educacional Especializado.
Pra mim, tão mal interpretado e implementado quanto o ensino fundamental de nove anos e a progressão continuada. Mas, falemos sobre.

É sabido que o AEE é exclusivo para alunos com alguma deficiência MAS NÃO É OBRIGATÓRIO.
Em não sendo obrigatório, só pode ser considerado como NECESSÁRIO quando o histórico de escolarização do aluno assim o indicar.

Quando se fala em histórico escolar não estou admitindo relatos das últimas semanas de aula, nem do ano anterior ok? Estamos falando em levantar a hipótese de deficiência, portanto não sejamos levianos com este histórico.

Imaginando que o histórico de escolarização do aluno foi cuidadosamente elaborado, é obrigatório que a professora do AEE faça a sua aproximação do aluno. Esta aproximação compreende a análise dos relatórios elaborados sobre o aluno e o conhecimento do mesmo. Esta caracterização do aluno pela professora do atendimento especializado é o que define a matrícula ou não no AEE.

Além de definir a matrícula (ou não) do aluno no AEE o professor do AEE neste momento pode começar a traçar as linhas gerais do Plano de Atendimento Individual deste aluno.

Este Plano Individual leva em conta, o planejamento e currículo da escola/sala do aluno e as questões especificas advindas da deficiência e que precisam ser superadas.

Falemos do AEE para cada deficiência...

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

DOS LIVROS INCLUSIVOS

Esta pergunta sempre me embaralha.. QUE LIVROS DEVO LER, O QUE VOCÊ SUGERE DE LITERATURA SOBRE EDUCAÇÃO INCLUSIVA?

Difícil responder por que posso listar os livros científicos, teóricos que foram relevantes para a minha formação. E, ao mesmo tempo, posso listar livros de literatura que me ajudaram com a mesma questão.

Por exemplo, eu frequentava diariamente a biblioteca de São Roque que organiza os livros em cada prateleira por nacionalidade do autor. Uma época eu me dediquei a ler 2 livros de cada nacionalidade e procurei pelos de contos tradicionais. Assim eu li contos chineses, árabes, alemães, italianos, portugueses etc.

Depois de um mês já percebia o que cada país tinha de peculiar na sua literatura e o que havia de humano portanto comum em todos. Todos tem uma princesa bonita que precisa ser salva pelo príncipe pobre que só ganha a confiança do rei depois de realizar tarefas, por exemplo.

Perceber a individualidade ao mesmo tempo em que se percebe a humanidade é, para mim, o mecanismo interno necessário para conviver pessoal ou profissionalmente com a diversidade - seja ela qual for. Fica simples! Eu não preciso me transformar no outro, não preciso adotar a sua peculiaridade, não preciso esquecer da diferença entre nós mas não posso me concentrar apenas neste aspecto.

O lado humano, portanto comum, é o que me aproxima de qualquer pessoa. E, repito, isto veio em grande parte deste exercício de aproximação que a  literatura me proporcionou.

Agora,também foi importante ler, dentre outros tantos:

A formação social da mente,  Vygotsky.
Ser ou Estar: eis a questão. Explicando o deficit intelectual, Maria Teresa Egler Mantoan
Inclusão escolar - o que é? por quê? como fazer?, Maria Teresa Egler Mantoan
Inclusão: um guia para educadores, William e Susan Stainback



segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

ENTENDENDO A EDUCAÇÃO INCLUSIVA...

Por primeiro lembrar que a educação é um direito da criança. Fácil de falar difícil de compreender o que de fato isto significa.

Vamos esquematizar:

1. Toda pessoa é um ser humano - nada, nenhuma característica, fato ou contexto muda esta condição. Isto significa que as questões de gênero, étnicas, raciais, religiosas ou de deficiência não mudam esta condição.
2. Foram acordados mundialmente direitos fundamentais para os seres humanos, dentre eles a educação.
3. A educação em nosso país é um serviço oferecido pelo Estado e pela iniciativa privada.
4. Sendo um direito, quem oferece o serviço deve oferecer para todos os seres humanos da população.
5. Sendo um direito quem oferece o serviço deve oferecer de modo a que todos os seres humanos da população possam acessá-la.
6. Portanto as adequações necessárias para atender as pessoas com deficiência são obrigatórias para quem oferece o serviço;

reclamem o quanto quiserem, mas a lógica é essa.

QUANDO OS FUNCIONÁRIOS NÃO FUNCIONAM?

Resposta: Quando o Diretor da escola não trabalha direito.

Ah é sim!!!!!

Se tem uma coisa que eu aprendi nestes 18 anos de exercício profissional é que funcionários de apoio são relegados ao anonimato e depois acusados de pouco entendimento e colaboração.

Quando você conversa diretamente com eles sobre o plano pedagógico da escola, sobre os planejamentos das professoras, quando você os convoca para todas as reuniões da escola, quando você os consulta para tomar decisões, quando você pede que lhe expliquem seu trabalho e portanto ouve suas requisições ... ou seja, quando você, diretor, os enxerga como parte ativa da escola eles realmente assumem seu papel de apoio.

Eu tive grandes parceiros neste grupo de profissionais. Mas tiveram que ser conquistados para o trabalho coletivo. E não foram conquistas fáceis por que de início não queriam colaborar, diziam a famosa frase NÃO É MINHA FUNÇÃO, reclamavam de mim nos setores competentes.. de pouquíssimos eu desisti e deixei seguir trabalhando, isolados do resto do grupo. A maioria passou a se enxergar potente e importante.

Para que sejam vistos, nós diretores temos que fazer algo bem bem simples. Andar pela escola o dia todo.
Sim, andar, parar na cozinha e observar o trabalho, fazer perguntas, pedir sugestões. Acompanhar a limpeza  dos espaços de uso coletivo. Conhecer o trabalho deles como conhecemos o dos professores.

Exemplificando:
1. uma merendeira me gritou uma vez que não faria pipoca por nada no mundo para a festa das crianças. Depois de muita conversa me disse que não gostava de lavar a panela depois da pipoca feita. Prometi a ela que eu mesma lavaria e assim o fiz. Suficiente para descobrir o inferno que era fazer a panelona caber no espacinho da pia!!! Conseguimos juntas a construção de uma daquelas cubas enormes. Ela nunca mais deixou de me dizer de suas dificuldades e eu nunca mais deixei de perguntar das possibilidades.
2. uma faxineira, cansada de me esperar comprar uma nova mangueira, me convidou pra lavar uma das janelas da escola. Tomei um banho pelo motivo que ela vinha me explicando a 1 mês!!!! Fomos, eu molhada e ela gargalhando, no mesmo momento comprar uma mangueira adequada.

Estes exemplos só pra dizer que mesmo quando somos atentos não sabemos de tudo sobre a nossa escola!


domingo, 3 de fevereiro de 2013

PERGUNTA DA PROFESSORA DE ARTES..

"EU GOSTO DE FAZER ATIVIDADE COM MÚSICA PRA QUE OS ALUNOS DESENHEM O QUE IMAGINAM, MAS COMO FICAM OS ALUNOS SURDOS?"

Primeiro que pensar sobre esta questão é exemplo de pauta para o HTPC.

Segundo que se esta professora acrescentasse a música objetos diferentes, figuras, potinhos com aromas etc    os alunos surdos poderiam utilizar estes apoios para realizar a tarefa.

Ao fim, todos os alunos teriam mais referencias para a realização da tarefa.

Resumindo:
1. a partir do desafio de ser (re)planejar por conta da presença de um aluno surdo a professora melhora sua proposta para a turma toda. Esta reflexão pode ser feita hipoteticamente - sem a presença de aluno com deficiência - mas com certeza a presença destes acelera determinadas discussões.
2. a atividade replanejada é exemplo de atividade diversificada.


HOJE É DOMINGO

Hoje é domingo
Pede cachimbo
Cachimbo é de barro
Bate no jarro
Jarro é de ouro
Bate no touro
Touro é valente
Bate na gente
Gente é fraca
Cai no buraco
Buraco é fundo
Acabou-se o mundo

sábado, 2 de fevereiro de 2013

TRABALHAR COM O QUE O ALUNO TEM DE BAGAGEM...

Difícil equilíbrio o de partir do que o aluno já tem, respeitando e não desmerecendo sua bagagem de vida, e ao mesmo tempo cumprir com o papel da escola em apresentar o mundo.

Certa vez, com um grupo de 25 meninos e meninas de 14 a 18 anos, eu já estava cansada das músicas que eles traziam pra ouvir durante a aula. Naquele momento o RAP paulista com toda a sua força e denúncia. Eu cansada por que não prestava atenção no que queriam me dizer com aquela repetição torturante de histórias de morte, assassinato, ladrões, da vida dos pobres de periferia.

Um sexta feira perguntei quem podia me emprestar os cds para que escutasse com mais atenção em casa. Sim, se havia tal fascinação deles, se eles diziam se reconhecer nas letras, se eles me diziam pra nem tentar falar que faroeste caboclo também denunciava eu precisava entender melhor aquelas músicas.

Durante a audição atenta me deparei com uma estrófe retirada de uma música da cantora Sade, cd que eu tinha.

Fez-se a oportunidade. Segunda feira, anunciei que eles todos iriam ficar absolutamente quietos por 3 minutos e ouviriam uma única música de meu repertório. Aguentei firmemente as caras de tédio, as simulações de sono e saboreei a reação de cada um e de todos quando ouviram o trecho que aparecia em um dos RAPs.

Dali foi fácil, quem é a moça que ta cantando? de onde ela é? o que a música ta falando? quem procura a letra? Convidei a turma a responder as próprias perguntas e propus ao grupo mais momentos como aquele, momento que passamos a chamar de MÚSICA QUE EU CONHECIA MAS NÃO SABIA QUAL ERA.

Toda segunda ouvíamos música... clássica, samba de raiz, pagode, forró, sertanejo, mpb, jazz.. e rap.



COORDENADORA PERGUNTA: QUE FILME FALA DE DIVERSIDADE?

Como chegou o fim de semana, falemos de filmes.
Antes um lembrete: filmes são ferramentas poderosas mas não são fábulas.
O que vale é a discussão que surgir, você pode tentar provocar uma determinada e ser surpreendido por outra.. aceite! Não raro, não provocam nada. Você é o único que se emociona
As vezes uma única cena diz tudo o que você quer provocar de reflexão. Conheça o filme profundamente, selecione cenas específicas, pare o filme e peça por reflexões, volte três cenas, faça perguntas, expanda a discussão com cena de outro filme, de suporte com um texto.
Enfim, não didatizando o uso de filmes mas tirando proveito do impacto que ele causa. Vivencie com o grupo as emoções, sensações e lembranças que o filme provoca.
Mas lembre, filmes não são fábulas que contém UMA ÚNICA MORAL DA HISTÓRIA.
Isto posto, alguns filmes tem como temática a diversidade em si como "A Cor Purpura", "Milk",  "O Escafandro e a Borboleta".
Outros falam de reações humanas frente a diferença: "A vila", "A língua das mariposas"
Outros falam do que há de mais humano em nós: "Tudo sobre minha mãe", "O Labirinto do Fauno", "O senhor das moscas", "Clube da Felicidade e da Sorte".

... um aviso, o que eu vi nos filmes acima não será o mesmo que você verá.
Portanto os catalogue a seu modo e a sua lista de filmes será infinita como a minha.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

EDUCAÇÃO ESPECIAL X EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Sabe aquela velha conversa sobre qual a sua concepção teórica?
Eu SOU sócio histórica, vigotskiniana, sócio interacionista.. enfim...

Creio que chegamos a um momento em que temos que começar a dizer claramente qual nossa concepção teórica para a escolarização de alunos com alguma deficiência.

Sim amigos.. declaremos em alto e bom som:

EU SOU EDUCAÇÃO ESPECIAL ou EU SOU EDUCAÇÃO INCLUSIVA.

Encontramos autores de renome nas duas concepções, encontramos pesquisas científicas que embasam uma e outra, encontramos respaldo teórico para cada uma delas.

Assim, espero que todo profissional de educação que afirmar ser partidário desta ou daquela concepção saiba dizer a partir de qual referencia TEÓRICA ele faz sua afirmação.

Chega de achismo, chega de opinião de leigo, afinal somos nós os profissionais técnicos desta área!

Aliás chega de achismo para qualquer assunto sobre educação! Achismo é pra quem não é da área.
A prática, a experiência acumulada servem parcialmente para estas afirmações tão categóricas.

Afirmar sua posição por este método de alfabetização, por esta concepção de educação física, sobre a escolarização de alunos com deficiência devem ser embasadas por concepções teóricas e EXEMPLIFICADAS com fatos da própria vivência.

DA DIREÇÃO DE ESCOLA...

Todo Diretor de escola deve ter um plano de trabalho

Tá bom tá bom.. eu sei que tem o Plano Político Pedagógico da Escola.. mas veja.. este é da escola!

E o seu plano de trabalho, Diretor?

Quais são os seus objetivos profissionais? Quais são as marcas identitárias que você quer deixar nesta unidade?

Adianto que o primeiro destes objetivos sempre será, para qualquer Diretor o de : Melhorar as condições de desenvolvimento e aprendizagem dos alunos.

Os demais objetivos podem ser o de melhorar as condições do espaço físico, ampliar a relação com a comunidade, superar a falta de material de apoio para alunos e professores.. enfim

Eu sempre me esforcei pra deixar a escola bonita.. sim, isso mesmo!

Deixar a escola bonita, gostosa de se olhar, com jardim cuidado, um lugar prazeroso pra se chegar todos os dias... acho que o meu lado Tistu fala alto neste momento!

DA COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA

Partimos sempre da caracterização certo?
Sim sim. nenhum professor se organiza pra trabalhar caso não faça uma boa e carinhosa caracterização de seus alunos. Isto o permitirá elaborar planos pedagógicos que contemplam DE FATO os potenciais e desafios de cada aluno e da turma como um todo. Lembrando da proposta das atividades diversificadas, só através desta caracterização é que professores podem elencar atividades pertinentes e possíveis de serem respondidas de diferentes modos por diferentes alunos.
Pois bem! O mesmo se passa com o coordenador.
Uma vez caracterizado seu grupo de professores ele deve elaborar seu plano pedagógico de trabalho. Nisto inclui-se as pautas de reuniões pedagógicas, a apresentação de materiais de apoio, a organização de propostas de trabalho coletivo que movimentem turmas de anos diferentes.

Mas.. parenteses neste diálogo.... Esta ação é  importantíssima e não deve se banalizar com a excessiva exigência burocrática, não deve se perder no meio de tantos outros formulários e papéis a serem preenchidos!

Aliás! pra que mesmo tanto papel?????

Registro é fundamental mas quando atende a função principal da escola: FAVORECER MELHORES CONDIÇÕES DE DESENVOLVIMENTO PARA O ALUNO.

Qualquer outro documento que ocupar o tempo e não servir para apoiar os alunos.. é perda de tempo.