segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

DE COMO SE DESENVOLVE A DISCIPLINA...


Como diz um amigo: “esse tal de Piaget” escreveu sobre o desenvolvimento do juízo moral na criança. Educadores nem se atrevam a dizer que nunca leram! Obra mais do que básica.

Pais em geral não lerão com muita facilidade pois se trata de livro de psicologia, repleto de conceitos que não devem ser entendidos pelo significado direto da palavra (assimilação e acomodação, p.ex). Pais interessados sobre o tema encontrarão outros livros, uns péssimos e outros muito bons.

Enfim, simplificando ao máximo quero trazer a afirmação inicial do livro de Piaget que me é  deflagradora de muitas reflexões.

“Ora, as regras morais, que a maioria das crianças aprende a respeitar, lhe são transmitidas pela maioria dos adultos, isto é, ela as recebe já elaboradas, e, quase, sempre, nunca elaboradas na medida de suas necessidades e de seu interesse, mas de uma vez só e pela sucessão ininterrupta das gerações adultas anteriores. Daí, a extrema dificuldade de uma análise que deveria distinguir o que provém do conteúdo das regras e o que provém do respeito da criança pelos seus próprios pais.” (O juízo moral na criança, Jean Piaget. Summus, 1994)

Não vamos perder muito tempo com esta reflexão. Educadores devem entender esta afirmativa e analisarem seus procederes junto as crianças – já que podemos e devemos nos incluir na categoria adultos que transmitem regras, certo? Pais e familiares devem se ater ao fato de que conhecer a regra e praticar a regra são duas ações diferentes para a criança.

Ações difíceis de serem harmonizadas quando:
a regra é dita, mas não é praticada pelo próprio adulto;
a aplicação da regra depende da energia do adulto (hoje eu não to afim, faz o que quiser);
a regra é negociada a cada momento – a isto se chama chantagem;

Piaget explica no livro como a criança começa a obedecer a regra, mas não adianta nada ler o livro se não nos colocarmos de pronto e imediato como os adultos que as apresentam para as crianças, se não assumirmos que sim, as regras serão aprendidas pelas crianças mediante o que ensinarmos.

Caso não nos coloquemos neste lugar, nesta responsabilidade, não conseguiremos entender o capítulo que descreve os modos de se estabelecer “punições” para as infrações. 
(continua...)

4 comentários:

  1. Querida Lu: vamos ver se consigo começar nossa conversa, mesmo que "de trás para frente" e um tanto "enviesada"...
    Creio que li algum capítulo desse livro, mas sinceramente confesso não lembrar muito, além de antipatizar com o tal Piaget desde o início, sem muita propriedade, conseguindo fundamentar alguma coisa nos anos seguintes e confirmando que "minha praia" era mais um certo psicólogo social russo e não o tal suíço que tantos apreciavam...
    Portanto vou me centrar nos seus comentários decorrentes da citação inicial do Piaget:
    - com certeza a questão da regra imposta às crianças, adolescentes e jovens e não seguida por coerência pelos adultos é essencial para que a coisa toda não funcione. Na escola temos esse problema desde as coisas mais simples (aluno não pode mascar chiclete na escola e o coordenador pedagógico sempre esquece de jogar o dele fora quando está dentro do espaço escolar) até as mais graves (o aluno tem que ser cordial, educado, gentil, "não perder a cabeça" nas situações do dia a dia, mas o profissional, adulto pode se dar ao direito de gritar, ofender, humilhar, etc. em certas situações).
    - fazer valer a regra definida somente quando "se está com vontade" também é outro problema muito grave e também ocorre com mais frequência do que deveria;
    - a parte da chantagem confesso que não consegui visualizar como ocorre na escola: pensei mais no âmbito pessoal, familiar, onde já vi ocorrer "um tanto de vezes";

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    1. Fred querido! sigamos o social russo sempre! :D concordo com sua análise e acrescento que a chantagem esta muito mais presente do que imaginamos. Veja, se uma professora diz, fiquem quietos senão não terão intervalo estamos frente a uma chantagem. O intervalo é um direito do aluno, o silêncio e a concentração para a execução de algumas tarefas deveria ser visto como habilidade a ser desenvolvida. Condicionar um ao outro deturpa a regra, a lógica das atividades e vicia a relação. Concorda?

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  2. Oi Lu, adorei seu blog! Vou sempre dar uma passadinha por aqui para trocar impressões e dilemas. Beijos Celisa

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