segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

QUANDO OS FUNCIONÁRIOS NÃO FUNCIONAM?

Resposta: Quando o Diretor da escola não trabalha direito.

Ah é sim!!!!!

Se tem uma coisa que eu aprendi nestes 18 anos de exercício profissional é que funcionários de apoio são relegados ao anonimato e depois acusados de pouco entendimento e colaboração.

Quando você conversa diretamente com eles sobre o plano pedagógico da escola, sobre os planejamentos das professoras, quando você os convoca para todas as reuniões da escola, quando você os consulta para tomar decisões, quando você pede que lhe expliquem seu trabalho e portanto ouve suas requisições ... ou seja, quando você, diretor, os enxerga como parte ativa da escola eles realmente assumem seu papel de apoio.

Eu tive grandes parceiros neste grupo de profissionais. Mas tiveram que ser conquistados para o trabalho coletivo. E não foram conquistas fáceis por que de início não queriam colaborar, diziam a famosa frase NÃO É MINHA FUNÇÃO, reclamavam de mim nos setores competentes.. de pouquíssimos eu desisti e deixei seguir trabalhando, isolados do resto do grupo. A maioria passou a se enxergar potente e importante.

Para que sejam vistos, nós diretores temos que fazer algo bem bem simples. Andar pela escola o dia todo.
Sim, andar, parar na cozinha e observar o trabalho, fazer perguntas, pedir sugestões. Acompanhar a limpeza  dos espaços de uso coletivo. Conhecer o trabalho deles como conhecemos o dos professores.

Exemplificando:
1. uma merendeira me gritou uma vez que não faria pipoca por nada no mundo para a festa das crianças. Depois de muita conversa me disse que não gostava de lavar a panela depois da pipoca feita. Prometi a ela que eu mesma lavaria e assim o fiz. Suficiente para descobrir o inferno que era fazer a panelona caber no espacinho da pia!!! Conseguimos juntas a construção de uma daquelas cubas enormes. Ela nunca mais deixou de me dizer de suas dificuldades e eu nunca mais deixei de perguntar das possibilidades.
2. uma faxineira, cansada de me esperar comprar uma nova mangueira, me convidou pra lavar uma das janelas da escola. Tomei um banho pelo motivo que ela vinha me explicando a 1 mês!!!! Fomos, eu molhada e ela gargalhando, no mesmo momento comprar uma mangueira adequada.

Estes exemplos só pra dizer que mesmo quando somos atentos não sabemos de tudo sobre a nossa escola!


3 comentários:

  1. QUANDO OS FUNCIONÁRIOS NÃO FUNCIONAM?
    Resposta: Quando o Diretor da escola não trabalha direito.

    Ah é sim!!!!!

    Ah, não é não!!! Ao menos nem sempre...

    Com certeza o autoritarismo e despotismo, na maioria das vezes nem esclarecido, dos colegas gestores provocam problemas sérios na relação com os funcionários, quer seja na falta de envolvimento dos mesmos no trabalho necessário ao bom funcionamento da escola, quer seja não realizando nem as funções básicas.

    Mas existe também, como sempre, um outro lado da história: inicialmente é preciso pensar que o pressuposto implícito na afirmação acima (com o qual lidei durante os primeiros anos da minha vida profissional) é a de que os funcionários são sempre boa gente, somente precisando que sejam reconhecidos como importantes no funcionamento da escola, valorizados como profissionais, para passarem a colaborar no trabalho coletivo.

    Infelizmente a coisa não é bem assim: como todos os demais profissionais da escola, eles podem ser (e creio, cada vez mais, que o são no mínimo na metade das vezes) pessoas mal acostumadas, acomodadas por serem funcionários públicos estáveis, sem a devida competência para o trabalho a ser exercido mas também sem a mínima vontade de “correr atrás” para dar conta dessa defasagem, mas, principalmente, sem realmente entender que Servidor Público é uma função essencial na sociedade e que os alunos e seus pais e a comunidade em geral merecem o melhor tratamento possível e o trabalho mais qualificado possível, nada menos que isso.

    Vou exemplificar com minha experiência logo após assumir a Direção na escola. Assumi a direção achando que somente por viabilizar que todos os professores e funcionários pudessem trabalhar sem opressão, sem autoritarismo, com liberdade, com apoio nas atividades, etc. que tudo seria resolvido e a escola “rodaria” perfeitamente.
    Comecei uma sistemática de reuniões semanais com os funcionários, para que pudéssemos conversar sobre as funções de cada um, ver o que estava dando certo, corrigir erros, socializar informações de todos os âmbitos na escola, envolve-los nas definições das questões maiores da escola, incluindo aí questões estritamente pedagógicas e administrativas normalmente definidas somente pelos professores ou gestores.
    A primeira atitude percebida em diversos deles foi considerar aquele espaço como momento de reclamar de tudo e de todos, principalmente dos professores, por não fazerem o que deveriam nos combinados gerais da escola. Haviam inclusive reclamações de questões que os próprios funcionários no geral também falhavam em cumprir adequadamente para o bom andamento da escola.
    Outra questão sempre presente era a expectativa (que logo tentei “quebrar”) de que falando comigo em uma reunião, na seguinte tudo estaria resolvido. Não conseguiam entender que para resolver diversos dos problemas apontados era necessário o envolvimento e colaboração deles mesmos, dos professores, de alunos e até de pais de alunos, quando não envolvia recursos financeiros, que sempre foram escassos.
    Ainda nesse sentido, ficava claro que “assumiam o bônus” de tratar e encaminhar todos os assuntos referentes à tudo na escola, mas não “assumiam o ônus” de auxiliar, colaborar, fazer um esforço a mais na resolução dos mesmos (frases típicas: “isso não é comigo”, “eu não vou ficar fazendo trabalho extra”, “isso vai dar muito trabalho”, etc.).
    CONTINUA...

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  2. CONTINUANDO E CONCLUINDO:

    Com esses relatos não quero dizer que na escola onde estou o grupo de funcionários não ajuda, não colabora, não se envolve... até acho que tenho a sorte de ter hoje uma equipe que, depois de muitas e muitas discussões, entraves, etc. se configura de um modo mais adequado, mas ainda um pouco distante do que considero que seria necessário em uma escola pública, principalmente em uma que lida com o tipo de comunidade que lidamos.

    Concordo plenamente e continuo mantendo o que considero uma gestão democrática, que não acho nada além do que a minha obrigação básica na escola, mas já não espero dos funcionários (de ninguém, na verdade) uma predisposição total para melhorar as coisas na escola, com desapego, desprendimento, envolvimento maior, iniciativa e tudo mais. Sei que algumas pessoas podem até caminhar nesse sentido, mas no geral, quando o bem da instituição se choca com o comodismo pessoal ou ainda quando é necessário algum sacrifício ou esforço maior pessoal para que o coletivo funcione melhor, já não se pode contar com quase ninguém voluntariamente. Aí é sempre necessária uma dose de autoridade e convencimento na marra para que as coisas sejam feitas a contendo...

    (Convém lembrar, apesar de ser óbvio no meu texto, que falo da realidade de diversas escolas públicas do município de Valinhos, Campinas e Hortolândia, por onde passei nesses anos de experiência inicialmente como professor e depois como gestor e que provavelmente são similares em diversos pontos com outras tantas públicas pelo país, mas não entendo – e nem quero entender muito, confesso – do que se passa nas instituições particulares de ensino e nas famigeradas ONGs ou outros tipos de organizações desse tipo...)

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  3. Fred... vc diz de algo importantíssimo e que eu creio soma ao que eu afirmei.. funcionários congelados em posturas acomodadas e sem o exercício da participação. Isto vai de encontro ao que eu digo já que o Diretor da Escola é sim o responsável por transformar esta realidade.. né?

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