sábado, 2 de fevereiro de 2013

TRABALHAR COM O QUE O ALUNO TEM DE BAGAGEM...

Difícil equilíbrio o de partir do que o aluno já tem, respeitando e não desmerecendo sua bagagem de vida, e ao mesmo tempo cumprir com o papel da escola em apresentar o mundo.

Certa vez, com um grupo de 25 meninos e meninas de 14 a 18 anos, eu já estava cansada das músicas que eles traziam pra ouvir durante a aula. Naquele momento o RAP paulista com toda a sua força e denúncia. Eu cansada por que não prestava atenção no que queriam me dizer com aquela repetição torturante de histórias de morte, assassinato, ladrões, da vida dos pobres de periferia.

Um sexta feira perguntei quem podia me emprestar os cds para que escutasse com mais atenção em casa. Sim, se havia tal fascinação deles, se eles diziam se reconhecer nas letras, se eles me diziam pra nem tentar falar que faroeste caboclo também denunciava eu precisava entender melhor aquelas músicas.

Durante a audição atenta me deparei com uma estrófe retirada de uma música da cantora Sade, cd que eu tinha.

Fez-se a oportunidade. Segunda feira, anunciei que eles todos iriam ficar absolutamente quietos por 3 minutos e ouviriam uma única música de meu repertório. Aguentei firmemente as caras de tédio, as simulações de sono e saboreei a reação de cada um e de todos quando ouviram o trecho que aparecia em um dos RAPs.

Dali foi fácil, quem é a moça que ta cantando? de onde ela é? o que a música ta falando? quem procura a letra? Convidei a turma a responder as próprias perguntas e propus ao grupo mais momentos como aquele, momento que passamos a chamar de MÚSICA QUE EU CONHECIA MAS NÃO SABIA QUAL ERA.

Toda segunda ouvíamos música... clássica, samba de raiz, pagode, forró, sertanejo, mpb, jazz.. e rap.



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