FALANDO SOBRE ESCOLA - "Através dos outros, nos tornamos nós mesmos". (Vygotsky)
falação pedagógica sincera e direta... sem falso acolhimento
quarta-feira, 27 de julho de 2016
DA (in)DISCIPLINA
Pode ser meu olhar viciado, mas disciplina é proposta de trabalho do coletivo da escola, caso contrário se transforma em duelo entre professores e alunos.
É difícil calibrar o conceito pois parece estar mais ligado aos desejos e utopias individuais do que de fato em concepções pedagógicas.
Gosto de silêncio,
não gosto de aluno com boné,
me irrito quando se levantam,
não gosto que venham até minha mesa...
Qual é a disciplina desejada? Qual disciplina produz de verdade, melhores condições de convívio coletivo, qual ajuda aluno a aprender mais?? Quando eu estudo gosto de barulho em volta, o silêncio me distrai. Para escrever (agora) ouço Bolero de Ravel, não conseguiria uma linha no silêncio da casa!
Retomando, para disciplinar as ações é necessário dissecá-las. Para esta atividade, qual a melhor organização que meus alunos precisam alcançar? Como eu os levo até este nível de organização?
Como pactuar com os alunos qual consequência para quem faz o combinado e pra quem não faz?
Já falei em algumas ocasiões, mas os cartazes com os COMBINADOS, colados ao lado da lousa servem apenas para juntar poeira. Não disciplinam comportamentos nem organização contextos positivos de ensino e aprendizagem. São frases vazias e esquecidas por todos.
Aliás, já se perguntou sobre o que deve ser disciplinado na escola? Aluno com boné aprende menos e por isso deve tirá-lo na aula? Sério?!!
quarta-feira, 20 de julho de 2016
NÃO HÁ RECEITA...
Não há mesmo receita que possa ser distribuída nos encontros de formação, palestras, congressos etc.
Melhor aceitar que a prática se constrói sozinha, certo?
Errado.
Não há receita mas há trabalho coletivo. Trabalho discutido coletivamente, experiências analisadas em grupo, fracassos confessos e acolhidos pela equipe, avanços e reviravoltas comemorados conjuntamente.
Já se falou muito sobre a solidão da prática docente, da sensação de angústia que acompanha o pedagogo (nas diversas funções que assume: gestão, docência, coordenação). Mas eu não acredito nela pois tendo a crer que as pessoas anseiam pelo encontro.
A receita, pois, para que a prática pedagógica possa ser incrementada é abrir o coração, cabeça, boca e ouvidos.
Falar e ouvir. Perguntar, denunciar, pedir ajuda não esquecendo de oferecer ajuda.
Melhor aceitar que a prática se constrói sozinha, certo?
Errado.
Não há receita mas há trabalho coletivo. Trabalho discutido coletivamente, experiências analisadas em grupo, fracassos confessos e acolhidos pela equipe, avanços e reviravoltas comemorados conjuntamente.
Já se falou muito sobre a solidão da prática docente, da sensação de angústia que acompanha o pedagogo (nas diversas funções que assume: gestão, docência, coordenação). Mas eu não acredito nela pois tendo a crer que as pessoas anseiam pelo encontro.
A receita, pois, para que a prática pedagógica possa ser incrementada é abrir o coração, cabeça, boca e ouvidos.
Falar e ouvir. Perguntar, denunciar, pedir ajuda não esquecendo de oferecer ajuda.
terça-feira, 7 de julho de 2015
DOS BONS VÍCIOS
De muitos vícios que tenho de um, sinto orgulho:
Eu leio os textos das legislações que sustentam a minha prática profissional. Não só da legislação da educação nacional mas os da saúde, bem estar social, transporte, trabalho, responsabilidade fiscal etc. É necessário ter visão de conjunto para ler as entrelinhas que diversos textos legais possuem. Não é fácil mas é divertido.
Faço isso pois aprendi que a legislação aponta as intenções futuras dos governos, criam terrenos, estabelecem previamente as possibilidades de negócio e negociação. Denunciam os reais interesses ali assegurados.
Também aprendi que para administrar a educação há que se ter intimidade com estes textos legais pois é neles que encontramos os argumentos para os objetivos e planos de gestão. Partindo deles conseguimos alinhar o cotidiano com as propostas mais amplas estabelecidas pelos três níveis de Estado.
E aqui reside a grande cilada: não podemos esquecer de que os textos legais são fruto de disputas de interesses portanto não são isentos de contradições. Mais do que isso, lembremos sempre que a legislação não é a "verdade pura" sobre um tema, não é um texto angelical.
Esconde armadilhas e demonstra caminhos. Há que se saber ler os textos legais.
Eu leio os textos das legislações que sustentam a minha prática profissional. Não só da legislação da educação nacional mas os da saúde, bem estar social, transporte, trabalho, responsabilidade fiscal etc. É necessário ter visão de conjunto para ler as entrelinhas que diversos textos legais possuem. Não é fácil mas é divertido.
Faço isso pois aprendi que a legislação aponta as intenções futuras dos governos, criam terrenos, estabelecem previamente as possibilidades de negócio e negociação. Denunciam os reais interesses ali assegurados.
Também aprendi que para administrar a educação há que se ter intimidade com estes textos legais pois é neles que encontramos os argumentos para os objetivos e planos de gestão. Partindo deles conseguimos alinhar o cotidiano com as propostas mais amplas estabelecidas pelos três níveis de Estado.
E aqui reside a grande cilada: não podemos esquecer de que os textos legais são fruto de disputas de interesses portanto não são isentos de contradições. Mais do que isso, lembremos sempre que a legislação não é a "verdade pura" sobre um tema, não é um texto angelical.
Esconde armadilhas e demonstra caminhos. Há que se saber ler os textos legais.
sexta-feira, 3 de julho de 2015
ESCOLA ENSINA FAMÍLIA EDUCA .. BLÁ BLÁ BLÁ
Nada me deixa mais cansada do que ser marcada em algum destes posts que afirmam que ESCOLA ENSINA E FAMÍLIA EDUCA.
Eu não curto, não compartilho e deixei de comentar... mas hoje quero falar um pouco disto e já afirmo que para mim, esta afirmação é de leigos que não entendem nada de nada sobre educação.
Para embasar o que afirmo vou citar Pedro Demo que nos diz que educação É O HORIZONTE DA QUALIDADE POLÍTICA, O HUMANISMO, A FORMAÇÃO DA CIDADANIA E DA CULTURA COMUM. Não negamos então que a escola de fato é responsável pela educação de seus alunos, certo?
Ensino, por sua vez, é O ASPECTO FORMAL, INSTRUMENTAL, METODOLÓGICO, É A COMPETÊNCIA PARA MELHOR REALIZAR OS FINS DA EDUCAÇÃO. De novo, não negamos que a escola deve ser local onde este ensino acontece de modo competente.
O que quero dizer, amigos, é que em ENTENDER a definição de educação e ensino acima proposta é condição mínima para o exercício profissional de professores e pedagogos!
Vamos lá colegas de profissão! Confundir educação e ensino, papel da família e papel da escola é pra leigos!
Eu não curto, não compartilho e deixei de comentar... mas hoje quero falar um pouco disto e já afirmo que para mim, esta afirmação é de leigos que não entendem nada de nada sobre educação.
Para embasar o que afirmo vou citar Pedro Demo que nos diz que educação É O HORIZONTE DA QUALIDADE POLÍTICA, O HUMANISMO, A FORMAÇÃO DA CIDADANIA E DA CULTURA COMUM. Não negamos então que a escola de fato é responsável pela educação de seus alunos, certo?
Ensino, por sua vez, é O ASPECTO FORMAL, INSTRUMENTAL, METODOLÓGICO, É A COMPETÊNCIA PARA MELHOR REALIZAR OS FINS DA EDUCAÇÃO. De novo, não negamos que a escola deve ser local onde este ensino acontece de modo competente.
O que quero dizer, amigos, é que em ENTENDER a definição de educação e ensino acima proposta é condição mínima para o exercício profissional de professores e pedagogos!
Vamos lá colegas de profissão! Confundir educação e ensino, papel da família e papel da escola é pra leigos!
segunda-feira, 22 de junho de 2015
TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO ESCOLAR..
Permitam-me uma pequena história de contextualização: meu enteado durante 15 minutos me explica e demonstra o novo jogo que esta em seu celular (ele sabe que eu sou viciada em joguinhos eletrônicos, então compartilha com prazer).
O jogo é complexo pois ele tem que caçar e atacar zombies "a noite" e se defender deles levando em conta as suas características. Durante "o dia" deve construir abrigos adequados e esconder provisões, conseguir diamantes pra conseguir comprar o que precisa. Enfim, tudo isto jogado em uma tela mínima de celular o que o obriga a memorizar a localização de todo o espaço por ele construído.
Ele domina o jogo e suas regras, além disso teve que desenvolver estratégias de jogo e pela pontuação que me apresentou tem tido muito sucesso em gerir o seu pequeno mundo.
MAS ELE TIROU ZERO "EM XADREZ", NA ESCOLA.
E eu pensando que em 1992 já havia se esgotada a discussão sobre a presença da tecnologia nos espaços escolares e de que maneira ela deveria ali estar.
Meu enteado não se interessa pelo xadrez e a escola não se interessa pelo jogo de zombies. E antecipo: a escola não deve ensinar o jogo de zombies, isto ele já aprendeu sozinho!
Agora me pergunto: a escola tem ajudado a ele e os demais alunos a discutirem o que fazem nestes jogos, tem feito que reflitam sobre as estratégias, tem incentivado a descrição e o estudo das melhores maneiras de se ganhar este ou aquele jogo.
A escola os tem feito pensar sobre o que JÁ sabem? Tem dado oportunidades para que ele consiga fazer generalizações a partir das estruturas cognitivas que já dominou SOZINHO a partir do jogo?
Ou mais simples ainda, a escola consegue verificar que os alunos tem raciocínio lógico matemático, tem evitado ensaio e erro, são capazes de formular hipóteses e testá-las, conseguem revisar suas estratégias para soluções de problemas procurando modelos de raciocínio mais rápidos e eficientes? E a partir disto tudo a escola consegue dar um passo a frente de seus alunos?
.... a escola tem oferecido aos alunos algo a mais do que eles são capazes de conseguir sozinhos com um celular?
O jogo é complexo pois ele tem que caçar e atacar zombies "a noite" e se defender deles levando em conta as suas características. Durante "o dia" deve construir abrigos adequados e esconder provisões, conseguir diamantes pra conseguir comprar o que precisa. Enfim, tudo isto jogado em uma tela mínima de celular o que o obriga a memorizar a localização de todo o espaço por ele construído.
Ele domina o jogo e suas regras, além disso teve que desenvolver estratégias de jogo e pela pontuação que me apresentou tem tido muito sucesso em gerir o seu pequeno mundo.
MAS ELE TIROU ZERO "EM XADREZ", NA ESCOLA.
E eu pensando que em 1992 já havia se esgotada a discussão sobre a presença da tecnologia nos espaços escolares e de que maneira ela deveria ali estar.
Meu enteado não se interessa pelo xadrez e a escola não se interessa pelo jogo de zombies. E antecipo: a escola não deve ensinar o jogo de zombies, isto ele já aprendeu sozinho!
Agora me pergunto: a escola tem ajudado a ele e os demais alunos a discutirem o que fazem nestes jogos, tem feito que reflitam sobre as estratégias, tem incentivado a descrição e o estudo das melhores maneiras de se ganhar este ou aquele jogo.
A escola os tem feito pensar sobre o que JÁ sabem? Tem dado oportunidades para que ele consiga fazer generalizações a partir das estruturas cognitivas que já dominou SOZINHO a partir do jogo?
Ou mais simples ainda, a escola consegue verificar que os alunos tem raciocínio lógico matemático, tem evitado ensaio e erro, são capazes de formular hipóteses e testá-las, conseguem revisar suas estratégias para soluções de problemas procurando modelos de raciocínio mais rápidos e eficientes? E a partir disto tudo a escola consegue dar um passo a frente de seus alunos?
.... a escola tem oferecido aos alunos algo a mais do que eles são capazes de conseguir sozinhos com um celular?
sexta-feira, 12 de junho de 2015
Um pensamento vem rondando minha cabeça e me tem surgido nas diferentes leituras que faço:
Existe um marco conceitual extenso que sustenta a discussão sobre a inclusão das crianças com alguma deficiência na escola dita regular, principalmente as construções teóricas que analisam a diversidade humana.
Pois bem, em estando de acordo com estes conceitos afirma-se que a diversidade é fator humano e o desafio das sociedades hodiernas é acolhe-las no Estado de direito em que vivemos.
Reconhecer a diversidade do modo como ela se constituiu e garantir-lhe acesso aos direitos consolidados em tal e qual sociedade. Quanto a isto não há, da minha parte, nenhum questionamento.
Agora, dizendo da questão que me ronda, admitir que este marco conceitual amplo e complexo foi traduzido em uma norma operacional no texto da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva é forçar por um funil minúsculo todo este constructo ideológico.
Eu defendo a inclusão mas não defendo o texto legal da Política Nacional. Não acredito que o texto jurídico conseguiu alcançar o patamar de "norma operacional" dos conceitos que valorizam a diversidade humana e a coexistência de todos.
Aliás, o texto da Política Nacional, a exemplo do texto do PNE, é uma colcha sem sentido de retalhos mal costurados. Difícil encontrar ali a ideologia que me move...
Existe um marco conceitual extenso que sustenta a discussão sobre a inclusão das crianças com alguma deficiência na escola dita regular, principalmente as construções teóricas que analisam a diversidade humana.
Pois bem, em estando de acordo com estes conceitos afirma-se que a diversidade é fator humano e o desafio das sociedades hodiernas é acolhe-las no Estado de direito em que vivemos.
Reconhecer a diversidade do modo como ela se constituiu e garantir-lhe acesso aos direitos consolidados em tal e qual sociedade. Quanto a isto não há, da minha parte, nenhum questionamento.
Agora, dizendo da questão que me ronda, admitir que este marco conceitual amplo e complexo foi traduzido em uma norma operacional no texto da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva é forçar por um funil minúsculo todo este constructo ideológico.
Eu defendo a inclusão mas não defendo o texto legal da Política Nacional. Não acredito que o texto jurídico conseguiu alcançar o patamar de "norma operacional" dos conceitos que valorizam a diversidade humana e a coexistência de todos.
Aliás, o texto da Política Nacional, a exemplo do texto do PNE, é uma colcha sem sentido de retalhos mal costurados. Difícil encontrar ali a ideologia que me move...
Deixei de postar, na verdade deixei de escrever por uns tempos.. Escrever é um exercício penoso para mim pois tinha a ideia de que bons autores escrevem em uma tacada só.
Talvez agora, mais liberta desta premissa maluca consiga dar (melhor) vazão as questões que me afligem, interessam, mobilizam etc na e da Pedagogia.
Eu fico feliz com o meu retorno....
Talvez agora, mais liberta desta premissa maluca consiga dar (melhor) vazão as questões que me afligem, interessam, mobilizam etc na e da Pedagogia.
Eu fico feliz com o meu retorno....
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