quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

DISCIPLINA DISCIPLINA DISCIPLINA

Para minha prima Ana Luiza, que me ajuda com suas perguntas:

1. a ansiedade em acertar sempre cria tensão na relação pais e filhos/ professor e aluno;
2. a atenção exagerada a tudo o que se fala e faz gera artificialismo e distancia - filhos/alunos não são experimentos;
3. a tranquilidade da relação gera confiança e afetividade, fatores importantes para qualquer relação de ensino aprendizagem já que melhoram a comunicação;

DICAS DIRETAS:

1. ninguém da aula sobre regra, existem momentos propícios para apresentar a regra que controla/orienta a conduta das pessoas.
2. momentos mais tranquilos são os melhores, quando se conversa sobre o modo de ser e estar no mundo;
3. exemplos e mais exemplos concretos na conduta de todos os adultos em volta da criança;
4. quando regras são quebradas o "castigo" tem que estar vinculado (na medida do possível) com a falta cometida;
5. prestar mais atenção a intencionalidade do erro do que a extensão do dano (quebrou um copo por birra ou a mesa de vidro sem querer?)
6. falar sobre os valores que orientam (deveriam) a vida dos seres humanos - sem cair em pregação religiosa de nenhum tipo! - respeito ao próximo, respeito a vida em todas as suas formas, educação, atenção etc

Cada dica daria um livro inteiro.. conversemos sobre cada um se for necessário!

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

DE COMO SE DESENVOLVE A DISCIPLINA...


Como diz um amigo: “esse tal de Piaget” escreveu sobre o desenvolvimento do juízo moral na criança. Educadores nem se atrevam a dizer que nunca leram! Obra mais do que básica.

Pais em geral não lerão com muita facilidade pois se trata de livro de psicologia, repleto de conceitos que não devem ser entendidos pelo significado direto da palavra (assimilação e acomodação, p.ex). Pais interessados sobre o tema encontrarão outros livros, uns péssimos e outros muito bons.

Enfim, simplificando ao máximo quero trazer a afirmação inicial do livro de Piaget que me é  deflagradora de muitas reflexões.

“Ora, as regras morais, que a maioria das crianças aprende a respeitar, lhe são transmitidas pela maioria dos adultos, isto é, ela as recebe já elaboradas, e, quase, sempre, nunca elaboradas na medida de suas necessidades e de seu interesse, mas de uma vez só e pela sucessão ininterrupta das gerações adultas anteriores. Daí, a extrema dificuldade de uma análise que deveria distinguir o que provém do conteúdo das regras e o que provém do respeito da criança pelos seus próprios pais.” (O juízo moral na criança, Jean Piaget. Summus, 1994)

Não vamos perder muito tempo com esta reflexão. Educadores devem entender esta afirmativa e analisarem seus procederes junto as crianças – já que podemos e devemos nos incluir na categoria adultos que transmitem regras, certo? Pais e familiares devem se ater ao fato de que conhecer a regra e praticar a regra são duas ações diferentes para a criança.

Ações difíceis de serem harmonizadas quando:
a regra é dita, mas não é praticada pelo próprio adulto;
a aplicação da regra depende da energia do adulto (hoje eu não to afim, faz o que quiser);
a regra é negociada a cada momento – a isto se chama chantagem;

Piaget explica no livro como a criança começa a obedecer a regra, mas não adianta nada ler o livro se não nos colocarmos de pronto e imediato como os adultos que as apresentam para as crianças, se não assumirmos que sim, as regras serão aprendidas pelas crianças mediante o que ensinarmos.

Caso não nos coloquemos neste lugar, nesta responsabilidade, não conseguiremos entender o capítulo que descreve os modos de se estabelecer “punições” para as infrações. 
(continua...)

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

O QUE INCENTIVAMOS SE SOLIDIFICA

Cada vez que um comportamento estúpido desencadeia tragédias ou desastres coletivamente nos perguntamos sobre sua origem - ou ao menos dos indignamos e acusamos os que não contiveram a estupidez alheia. O estúpido geralmente sai como a segunda vítima afinal "ninguém nunca o ajudou a ser menos estúpido".

Difícil mesmo conter estupidez do outro. Quando este outro é adulto é quase impossível.

Fica na conta do possível as atitudes que temos frente a comportamentos abusivos de crianças. Sim, amigos, crianças são malvadinhas quando querem.

Chamam os colegas de fedido, feio, gordo, preto, filho da puta e o que mais lhe estiver próximo como modelo.

Ah! é gostoso aplaudir comportamentos bizarros de criancinhas monstro, que são incentivadas a serem violentas, sexistas, preconceituosas, racistas e intolerantes não é?

Feio atrelar estes adjetivos a crianças? Feio é organizar a apresentação pública destes comportamentos: "vem aqui mostrar o que você faz com os bichinhas! mostra pra amiga da vó como é que o seu amigo gordo anda! pede pra ele fazer a cara de bandido, é de morrer de rir! vem aqui e imita aquela sua amiguinha louquinha"!

Vamos alimentando estes comportamentos até os 6 anos de idade, depois começa a perder a graça e o resto do mundo ganha um monstrinho.

E esse monstrinho se junta a outros, e formam grupos horrorosos. Mas sempre legitimados por alguém!
Até mesmo a mídia legitima loucuras enquanto elas tem um toque de "paixão desmedida".

Paixão desmedida só pode acabar em tragédia. Mas frente a tragédia ninguém assume a responsabilidade. Quem aponta o dedo pra acusar deveria antes olhar em volta e perceber que atitudes tem semeado pras crianças próximas. Isto para os pais, os educadores, a mídia e nós, que somos platéia de criança monstro.


terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

DOS LIMITES HUMANOS

Descrever as sua própria experiência profissional sempre me dá arrepios. Por que os fatos narrados sempre remetem a uma imagem de "facilidade em lidar com tensão e problemas".



Por um lado, sim, uma vez superados é simples falar dos problemas. Por outro lado, vivencia-los nunca é tão suave como a narrativa posterior sugere.

O dia a dia da escola oferece ao gestor situações tensas, constrangedoras, complexas e nada nos prepara de antemão para elas.

Conversar com pais sobre violência contra a criança, chamar professoras para falar sobre baixo desempenho, avisar funcionários sobre seu remanejamento pra outros espaços, mediar brigas e discussões de pais e professores, enfrentar grupos hostis, fofocas profissionais... enfim uma infinidade de situações que não está descrita nos cadernos de textos das formações nem nos conteúdos da faculdade. 

E são estas situações que tiram o sorriso do rosto e nos deixam perplexas com a chatice dessa profissão ou função que assumimos. 

Eu tive sorte, muitas diretoras que acompanhei nos estágios me orientaram quanto a estas situações. Na falta de um estágio serve conversar com quem tem experiencia no assunto ou esta ocupando o mesmo cargo.

Só não vale se perder nesses assuntos desagradáveis e perder de vista a natureza da sua função e a centralidade da posição que um gestor ocupa na escola.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

SEGREDO PEDAGÓGICO 4 - MEDIAÇÃO DO OUTRO

Vejam o cenário: um grupo de 25 adolescentes na sua maioria meninos de 17/18 anos de idade.
Estes, em liberdade assistida, olham silenciosos para um único adolescente, cabelos longos, unhas esmaltadas e maquiagem suave.
Dias se sucedem com provocações maldosas e veladas. Eu, matutando como intervir fui surpreendida pela voz de Rai (o menino dos cabelos longos): "Luciana, quero trazer uma notícia de jornal pra comentar amanhã".
Nesta atividade diária o adolescente "da vez" fazia a leitura de uma matéria de jornal e em seguida apresentava ao grupo alguns questionamentos para guiar a discussão.
Rai lê em voz alta o espancamento de um homossexual em plena praça pública e diz que tem apenas uma questão: EU ACEITO, MAS PERTO DE MIM NÃO QUERO.
Antes que qualquer um se manifestasse, ele faz uma palestra sobre diversidade e identidade. Apresenta o grupo GLBT em que tem participação ativa.
O importante não foi como a discussão seguiu mas uma partida de futebol dominical dos meninos.
Ao chegar a quadra vejo todos envolvidos com o jogo.
Percebo ao longe Rai chegando com várias sacolas. Pães, refrigerantes, frios e chocolates.
Rai é considerado o participante mais importante do jogo de domingo, ele organiza todo o lanche. Voluntariamente.
Pergunto a ele se esta feliz com esta posição no grupo.
Ele me responde indignado: Lu! Estes meninos não são nada sem mim!
Ao que o grupo confirma, com gritos e sorrisos.

Acreditar que o outro é mediador, por vezes melhor do que você mesmo, desafio dos grandes.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

SEGREDOS PEDAGÓGICOS 3...

TEXTO "FATIADO" AJUDA NA ALFABETIZAÇÃO... ATÉ A PÁGINA 2.

SE FOR A MÚSICA DA DONA ARANHA
OU
DO SAPO QUE NÃO LAVA O PÉ,

NÃO FUNCIONA NUNCA.

SEGREDOS PEDAGÓGICOS 2

NINGUÉM ENSINA
AQUILO QUE NÃO SABE...